Barro jorrado no pára-brisa sem limpador, foi a visão de Joselito na hora do acidente.
Joselito, 23 anos, 5h am, ponto de ônibus, São Paulo.
Hoje é seu primeiro dia de trabalho, motivo de orgulho para família Alagoana. A mãe, dona Dulce, vive dizendo às vizinhas - Joselito tá bonito, comprô uma camisa pra trabalha. Eu nem reconheci meu filhinho. Achei que ele era o moço do banco Itaú, imagina só! Ele disse que no final do mês vai da pra manda um dinheirinho pra nóis. Lá é tudo caro, ele vai ganhar bem, viu! Ah, e parece que ele tá se engraçando com uma menina de lá. Falei pra ele tomar cuidado que essas meninas de São Paulo, de boba só a cara.
Dez reais, para condução; celular pré-pago e um porta documentos, novinho, de couro sintético, a ser preenchido com a carteira de trabalho assinada. Com ar de menino recém virado homem, está pronto para enfrentar seu dia: novas pessoas, trabalho, rotina e cidade.
Um Ômega preto, modelo 2008, aproxima-se. Não se vê o motorista, mas dá para perceber nele certa arrogância, coberta pelo vidro fumê blindado, que não abre nem uma frestinha: medo de assalto. O motorista não faz questão de interagir com o lado de fora do carro, do mundo. De repente, um susto daqueles em que se perde a voz: o carro, em alta velocidade, perde a direção. Um buraco o joga para a direita e Joselito, cumprindo seu papel de pedestre, espera sua condução, ao lado direito, embaixo do ponto. Impotente na situação, o garoto cai, de nuca na guia, impactado pela surpresa que a vida numa grande cidade lhe traz. A aglomeração de pessoas, nada coerente num centro urbano, -pólo econômico, onde pessoas praticamente sobrevivem, buscando status.
A essa hora não há ninguém na rua e o carro foge. A única pessoa nos arredores é seu Nelson, dono da padaria, que abre às 5h15am. Seu Nelson vê sangue no asfalto; corre para ver o que aconteceu com aquela pessoa, caída no outro lado da rua. Seu Nelson abre o porta documentos: vazio, apenas dez reais e um celular. Pega o aparelho e liga para a emergência 190. Escuta a gravação “você não tem crédito suficiente para efetuar essa chamada”, desesperado tenta “Jacira”, “mãe”, “tia Cleide”, nomes encontrados na agenda, nada. O celular toca, a ligação cai. Sem crédito suficiente. Basta esperar para que a pessoa ligue de novo, equanto, corre para padaria e chama a ambulância.
A cidade vai acordando e se movimentando; a luz do sol não mais focada, agora estourada. A rua enche-se de carros, os pontos de ônibus de pessoas, em volta de Joselito uma roda de curiosos. Alguns tentam acalmar seu Nelson, nervoso com a demora da ambulância. Escuta-se a sirene ao fundo, sua luz vermelha é vista embaçada pela poluição, da hora do rush.
Joselito, 23 anos, 5h am, ponto de ônibus, São Paulo.
Hoje é seu primeiro dia de trabalho, motivo de orgulho para família Alagoana. A mãe, dona Dulce, vive dizendo às vizinhas - Joselito tá bonito, comprô uma camisa pra trabalha. Eu nem reconheci meu filhinho. Achei que ele era o moço do banco Itaú, imagina só! Ele disse que no final do mês vai da pra manda um dinheirinho pra nóis. Lá é tudo caro, ele vai ganhar bem, viu! Ah, e parece que ele tá se engraçando com uma menina de lá. Falei pra ele tomar cuidado que essas meninas de São Paulo, de boba só a cara.
Dez reais, para condução; celular pré-pago e um porta documentos, novinho, de couro sintético, a ser preenchido com a carteira de trabalho assinada. Com ar de menino recém virado homem, está pronto para enfrentar seu dia: novas pessoas, trabalho, rotina e cidade.
Um Ômega preto, modelo 2008, aproxima-se. Não se vê o motorista, mas dá para perceber nele certa arrogância, coberta pelo vidro fumê blindado, que não abre nem uma frestinha: medo de assalto. O motorista não faz questão de interagir com o lado de fora do carro, do mundo. De repente, um susto daqueles em que se perde a voz: o carro, em alta velocidade, perde a direção. Um buraco o joga para a direita e Joselito, cumprindo seu papel de pedestre, espera sua condução, ao lado direito, embaixo do ponto. Impotente na situação, o garoto cai, de nuca na guia, impactado pela surpresa que a vida numa grande cidade lhe traz. A aglomeração de pessoas, nada coerente num centro urbano, -pólo econômico, onde pessoas praticamente sobrevivem, buscando status.
A essa hora não há ninguém na rua e o carro foge. A única pessoa nos arredores é seu Nelson, dono da padaria, que abre às 5h15am. Seu Nelson vê sangue no asfalto; corre para ver o que aconteceu com aquela pessoa, caída no outro lado da rua. Seu Nelson abre o porta documentos: vazio, apenas dez reais e um celular. Pega o aparelho e liga para a emergência 190. Escuta a gravação “você não tem crédito suficiente para efetuar essa chamada”, desesperado tenta “Jacira”, “mãe”, “tia Cleide”, nomes encontrados na agenda, nada. O celular toca, a ligação cai. Sem crédito suficiente. Basta esperar para que a pessoa ligue de novo, equanto, corre para padaria e chama a ambulância.
A cidade vai acordando e se movimentando; a luz do sol não mais focada, agora estourada. A rua enche-se de carros, os pontos de ônibus de pessoas, em volta de Joselito uma roda de curiosos. Alguns tentam acalmar seu Nelson, nervoso com a demora da ambulância. Escuta-se a sirene ao fundo, sua luz vermelha é vista embaçada pela poluição, da hora do rush.
Storyline - o personagem:
Ele (a) classe C,
acaba de descobrir algo que redefine sua vida,
tem um celular sem crédito.
Exercício para o encontro com Marcelo C. Cunha
(Criação Literária - Academia Internacional de Cinema)
2 comentários:
Fê preciso saber se ele morreu..muito triste!
Ihhh saiu como anônimo..Bjjs Oli
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