segunda-feira, novembro 30, 2009

achados de biblioteca

“O conhecimento, embora menos absoluto, continuará sendo conhecimento; a realidade, embora menos fundamental, continuará sendo realidade; e a verdade, embora menos imediata, continuará sendo verdade.

Descobriremos mesmo que o conhecimento absoluto, a realidade fundamental e a verdade imediata não passam de conceitos não somento ocos, mas também desnecessários para construção de um cosmos, e que, neste sentido, as objeções podem ser aceitas.

Neste sentido um tanto restrito do cosmos, continuará válido o nosso esforço de compreende-lo, governa-lo e modifica-lo; e a nossa vida dentro dele não terá sido fútil.”

(FLUSSER, 2004, p.33)

terça-feira, outubro 27, 2009

esgotamento (tríade)

apelo `a lua
a espera é necessária
o não temporário
antes que
me de
nesse dado momento
antes que
não sobre
um fio
antes que
a lua mingue de vez

___


respiro errado
esgotada
aprendo
a respirar
espirro


quinta-feira, outubro 15, 2009

quinta-feira, outubro 08, 2009

A propósito: botões estão desaparecendo

“Ação não é vida, mas o modo de gastar alguma coisa” Arthur Rimbaud

Rimbaud talvez quisesse descarregar a alma de extravagâncias das ações ou seria um desabafo existencial? Não sei. O ponto é que se transportarmos essa frase para os dias de hoje, podemos pensar no seguinte: quantas ações fazemos por dia ou, mesmo, por minuto? Quanto gastamos desse alguma coisa?

O gastar esse alguma coisa não é grande problema. Afinal estamos aqui pra viver, pra beber, pra conversar e mais outras coisinhas, não? Experiências nos alimentam de modo geral. Mas, infelizmente, hoje muitas das experiências e das ações andam dissociadas de seus significados. Essências se ocultam, desejos e medos se descomprometem. O vazio permanece. A instantaneidade vence, é o conceito. Prazeres perdem significados e se apoiam na efemeridade.

Vivemos numa época de processos banais que acabam se tornando resultados, também, banais. O que fazer? Comemorar? (etimologia comemorar - lat. de memorare) Memorar, lembrar. Voltemos ao princípio. Vamos arejar nossos princípios. Esse já é um grande passo antes de re-começar a perdê-los. Antes que atividades se fundem e, ao mesmo tempo, se fundam num único propósito: nenhum propósito.

segunda-feira, setembro 28, 2009

john hillard

fragmentos editados de John Cage

( ) (está ocupado)
experimente sem parar permaneça humilde
informações relevantes difíceis estão por toda parte despercebidas
há sempre menos o que fazer as circuntâncias fazem por nós
durma sempre que puder o trabalho continua sendo feito
a guerra não será conflito de grupo será assassinato, puro
como é que você pode falar de dinheiro e virtude ao mesmo tempo
saiba que não sabemos mais o que é espaço tenha fé
pessoas pedem definições mas agora é tranquilo
nada pode ser definido
as atividades se fundem num único propósito que é
nenhum propósito
com emoções por viver no século vinte
inventamos algo mais não a roda
como disse Satie "se eu não fumo alguém fará em meu lugar"
(a qualidade sai na urina)
interrupções? bem-vindas
o conflito não estará entre pessoas e pessoas
já se verificou que o dinheiro tem sido economizado
música como discurso jazz não funciona (diálogo é outro papo)
Pricípios? então tudo é intolerável
nós nadamos afogando-nos aqui e ali
isso também pode ser mudado a medida do tempo
vá com calma mas vá que faremos antes do almoço
inexcitável
o que é um desenho algo no papel
que nós ficaremos em casa dando uma de deuses,
por causa da impressão que daremos de estarmos
em todos os lugares ao mesmo tempo
não tema que sua vida diária pemaneça (ou se torne, conforme o caso)
ela diz que a vida é como uma parede branca impassível
dedução correta: ela está amando
previsões metereológicas, alertas contra tempestade, segurança no mar, no ar
a sociedade tem gravadores, programas de radio e também leis de "copyright"
digamos que está idéia não tem base em fatos,
mas surgiu após se ter varrido a desinformação.
Sem suor. Surgiu
(a ideia existe, é fato)

quinta-feira, setembro 10, 2009

terça-feira, agosto 25, 2009

permitir-se pasmar

Gorduras mentais precisam ser queimadas. Pasmar é cuidar da cabeça como se cuida do corpo ou do espírito.

Pessoas normais, com carteira assinada, férias e décimo terceiro, pasmam? Talvez considerem férias o tempo de pasmar. Quem sabe, já pasmem, mas não se deram conta disso ainda. É provável, também, que não tenham rotulado o pasmar como pasmar. Chamam de descansar, relaxar, meditar. Um lapso do meditar, ou o meditar instintivo seria uma boa acepção.

Quem nunca encarou a mesa ao lado? E, de repente, pessoas olham com aquela cara de “o que você está procurando por aqui?”. Na verdade, nem havíamos percebido que estávamos com o olhar fixo lá. Só estávamos olhando nada, nada em especial.

Permitir-se pasmar traz tranquilidade, eu diria até que, a longo prazo, sabedoria.

Pasmar: ação que não é ação. Um pleno momento, em que não se precisa de nada e de ninguém, nem mesmo, do pensamento.

segunda-feira, agosto 17, 2009

O almoço virou happy-hour




Kika resolve cair numa aventura. Por quê? Nem ela sabe, mas está lá, num motel, que, com muito encanto, pode virar altar.

Possessão? É disso que tentam se livrar, ela e seu acompanhante. Nada melhor que falar sobre longas caminhadas, de Matchu Pitchu a Santiago de Compostela, trilhas. A trilha sonora? Dos filmes de Almodóvar, que, aliás, bastante romântica para o momento.

Ela tenta não se enxergar, mas o espelho do teto não para de mostrar sua imagem. Ela tampa o rosto. O espelho continua gravando cenas, na memória dela. Cenas de uma balada que não é balada, e sim um encontro carregado de intensidade.

Ficar mais estragaria. Eles se despedem ao som de Baden Powel e Vinícius de Morais – “…Vai vai vai-vai…”.

A noite continua, outras madrugadas de quintas viram sextas.

sexta-feira, agosto 07, 2009



















valores robóticos fazem mesquinharias se (sobre) saírem

dicionário neste, naquele, em todo lugar; por toda(s) a(s) parte(s) de Ex.: Etimologia lat. super 'em cima de, por cima de, acima de, mais do que, além de, sobre etc.'; ver sobre-; f.hist.


sexta-feira, julho 31, 2009

no bairro

São Paulo pareceu uma vila
pequeninas ruas
cumprimentei conhecidos
bebi uma cerveja
sem medo sem pressa

de repente
não tão repente
uma moça
moradora
da rua
me pediu um cigarro

na outra esquina
de novo
nos cruzamos

vai com deus
você também

quarta-feira, julho 29, 2009

indizível

comigo com você
o indizível não é visto
é quase percebido
gosto de sentí-lo
(sem dizer)
me dou às palavras

me dou
ao dia
à noite
ao vinho
a você
esqueço-me
de mim
mais dada
num dado momento

segunda-feira, junho 22, 2009

quinta-feira, junho 18, 2009

Vogue - o negócio é ser do jet set

publicado no: www.mundomundano.com.br

Vogue: aceitação, popularidade, estar na moda. Estes são alguns dos significados para a palavra vogue, segundo dicionários em inglês e francês. No Houaiss, “voga” é o ritmo da remada. Estar “em voga” significa estar na moda.

Vogue também pode ser um determinado estilo, uma certa linguagem – gírias jogadas no meio da frase, aparentemente espontâneas, sem querer querendo. Acessórios, peças de roupas, tribos, lugares descolados, são sinais fashion – fashion: dar forma, estilo, sugere a temporária popularidade. O fashion se enquadra no vogue.

Claro, não podemos passar em branco sem citar a revista Vogue, que, como diz o próprio nome, não há o que discutir, é realmente a vitrine da moda. Há ainda um lugar em São Paulo, a cara do vogue, um local que não tem nome, mas só se entra com nome na lista e mesmo assim, quem sabe, a hostess não goste do seu look e lhe dê algum trabalho para entrar.

Muita coisa por aí vem nos seduzindo, criando esse tal “quero fazer parte, ser fashion”. Até aí, tudo bem, não queremos sempre alguma coisa?

O que me inspira estas linhas é a simples pergunta: e o bom senso? Onde é que anda aquele velho, seguro e bom senso? Ainda ando procurando minha turma, a do bom senso! Bom senso: percepção, sentido, rumo.

Acabo de abrir uma revista e ler a frase: “quem é globetrotter tem um lifestyle mais low profile. É um upgrade do jetsetter, que costuma ser mais over the top mesmo”, quem disse isso foi uma designer de jóias, ligada ao mundo fashion, vogue, sacô?

( + Videozinho pra dar umas risadas - http://www.youtube.com/watch?v=oGY-OkRclnU&eurl=http%3A%2F%2Fwww%2Efacebook%2Ecom%2Fhome%2Ephp&feature=player_embedded )

segunda-feira, junho 15, 2009

KEEP BEING REAL, SAVE YOUR ENERGY FOR THE AUTHENTIC AND DROP THE REST

(será que é esse o segredo de tostines, do sucesso ou é assim que se ganha um reality show - "fazenda, record"- ...)

terça-feira, maio 12, 2009

terça-feira, abril 07, 2009

som

Pense em David Bowie encontrando "Boehmian Rhapsody", Godspell e Tron. Esses sao os nova- iorquinos "Apes & Androids" (gay, dramatico, technologico e masculino - uma performance).

http://www.youtube.com/watch?v=oM85Bw6sFn4



Dispersão – Consumo e Distração

“...Já não me convém o título de homem, meu novo nome é coisa. Eu sou a coisa, coisamente...”
“Eu, etiqueta", de Drummond.



A dispersão domina tempo e espaço das pessoas. Tempo dos que buscam o imediatismo com pouco esforço. Espaço invadido por produtos, em série, dispersos, na arte, na tv, no comércio e por toda parte.

A questão do “monumental” colide valores, une as pessoas ao tédio do repetitivo e dignifica a banalidade.

A reprodução repetida gera produtos e conteúdos adquiridos em razão da moda – a moda intui, mas ao mesmo tempo, institui expectativas – por pessoas que buscam formas fáceis e rápidas de satisfação e de status. Parece que não há mais tempo para se incomodar.

Cópias e autorias perdem significado, idéias custam pouco e são reproduzidas infinitamente.

Percebe-se, assim, um ambiente ideologicamente nulo, um realismo mecânico, manipulado e alheio à realidade. Além de certa ignorância da profundidade, em que dramas deixam de ser dramas, são apenas cool.

Resta uma geração do modernismo ardente, que vive em lençóis neutros. Arrepios de frustração e nostalgia onde o objetivo é apenas entreter.

(Há também diversas novidades, principalmente tecnológicas, repletas de novos formatos e possibilidades).

“Lençóis não amarrotados pela paixão, amarrotados apenas para marcar presença” Anésia Pacheco, exibição “Entre Lençóis” MAM 2002.

Há, ainda, a dispersão de variações que podem proporcionar valor estético e prazer. Mas não o original ou a essência. Desse modo, sente-se a necessidade de encontrar soluções que evoquem surpresa ou novidade num consumo esteticamente neutro, que pode produzir excelência ou banalidade.

Esse simulacro de experiência proporciona instantâneas consolações, projeções, identificações, sem a pretensão de oferecer um novo modelo que discuta qualquer coisa. Assim, vê-se um formato sedutor, mas de sedução dispersa – nem se percebe que está sendo seduzida. A produção de conteúdos e objetos é labiríntica, dispersa em diferentes formatos, indiferentes a critérios de valor.

O indispensável torna-se impossível.

quinta-feira, abril 02, 2009

2 amores

Morri (num orgasmo)

aceito

pra você não esquecer
dessa intensidade
sufocante
de paixão ansiedade agressão
inconstantes

você esqueceu gozei pra você.


Nasci (noutro)

uma proposta
- indescente -
um tal de rock
and roll

aquele que se baila
numa cama.

__

ondas de lençois
você eu
o colchão
nú.

segunda-feira, março 23, 2009

(SOBRE CACTOS)

Cactos

sua vida
seca
sem cuidado

improvável o horizonte

num deserto
um céu de areia

místico
simples

como roupa suja
pra lavar.

___


Sem Medo

Não quero mídia,
nem média

poesia
sem placebo
(como “Desplacebo “, de Augusto de Campos)

Quero ser
bela, áspera
e intratável
(como o “Cacto”, de Manuel Bandeira).

segunda-feira, março 16, 2009

Egon Schiele - excelentíssimo


O Abraço 1917

Kaleb (novo artista, possuidor de seu telento) foi quem me apresentou o pintor expressionista, Egon Schiele, segundo Kaleb, seu "pai".

mais sobre Egon Schiele

http://pt.wikipedia.org/wiki/Egon_shiele.

mais sobre Kaleb - http://www.flickr.com/photos/segundaordem/78936863/

quarta-feira, março 04, 2009

quinta-feira, fevereiro 26, 2009

Moeda

Numa página leio
a descoberta de um planeta

mais um planeta
em
mais uma galáxia
em
mais um universo
um planeta rodeia outro sol
Noutra página leio a manchete
ilusão monetária

moeda?
quanto vale?

ontem
soube
alguém se matou

num sistema solar?
não
(financeiro).


terça-feira, fevereiro 17, 2009

poems tríade

Grafiteiro

Pelos meu braços
ele vai subindo
seduzindo

com seu grafite
molhado
leve

uma mancha
preta

física
concreta para mente.


_ versão 2

Por braços
subir seduz

com grafite
leve molha

uma mancha
preta

física
concreta
para mente.

__

Vôo

Os astros mudam.

Nós também

Nuvem de Neptuno sobre meus pés,
ao acaso,
sinto.

__ versão 2


Astros mudam

Nós também

Nuvem de Netuno
sinto sob os pés

Ao acaso.

__


Cara

Me acomodo
nesta vida

me afogo
sem espaço

sem querer acordar

me desafogo.


Este amor
existe?

quinta-feira, fevereiro 05, 2009

Dispersion - Institute of Contemporary Arts


Eleita uma das 5 melhores exposições pelo Guardian guide de Londres.

Artistas: Henrik Olesen, Hito Steyerl, Seth Price, Anne Collier, Hilary Lloyd, Maria Eichhorn and Mark Leckey.
(Pena que era até dia 1/02 e em Londres..)

Os 7 artistas internacionais apresentados trabalham com foto, vídeo e performances.
E, nesta exposição, exploraram a apropriação e circulação de imagens na sociedade contamporânea.
Dispersão foi o conceito usado para colocar em evidência assuntos, como, o produto por ele mesmo, alcançando a possibilidade de ser ilimitado (edições ilimitadas); a produção e reprodução da cultura e valores mostradas infinitamente, maleáveis, significando sua formação através de um fluído constante de conexões entre pontos - estrategicamente retrabalhados e renovados.

Os artistas assim demonstram a colisão de um sistema de valores causada pelo "over" de informações.

segunda-feira, janeiro 26, 2009

Olha o studio do cara!



Dufttunnel (2004), WolfsburgPhoto (c) Studio Olafur Eliasson

Concepts in space
The experimental art of Olafur Eliasson
"Studio Olafur Eliasson is an experimental laboratory located in Berlin. Led by renowned Danish-Icelandic artist Olafur Eliasson, it functions as an interdisciplinary space, generating fresh dialogues between art and its surroundings. "

"A specially designed white room is used to test optical effects and find out how our perception of objects changes when they are lit with varying shades of white light. Everywhere there are wooden crates for transporting artworks to galleries and museum spaces all over the world."
About the artist:Olafur Eliasson, born 1967 in Copenhagen, of Icelandic parentage, studied at The Royal Danish Academy of Fine Arts, Copenhagen, from 1989 to 1995. Early in his career he moved to Germany, establishing Studio Olafur Eliasson in Berlin. Internationally acclaimed, Eliasson lives and works in Copenhagen and Berlin

sexta-feira, janeiro 23, 2009