“...Já não me convém o título de homem, meu novo nome é coisa. Eu sou a coisa, coisamente...”
“Eu, etiqueta", de Drummond.
A dispersão domina tempo e espaço das pessoas. Tempo dos que buscam o imediatismo com pouco esforço. Espaço invadido por produtos, em série, dispersos, na arte, na tv, no comércio e por toda parte.
A questão do “monumental” colide valores, une as pessoas ao tédio do repetitivo e dignifica a banalidade.
A reprodução repetida gera produtos e conteúdos adquiridos em razão da moda – a moda intui, mas ao mesmo tempo, institui expectativas – por pessoas que buscam formas fáceis e rápidas de satisfação e de status. Parece que não há mais tempo para se incomodar.
Cópias e autorias perdem significado, idéias custam pouco e são reproduzidas infinitamente.
Percebe-se, assim, um ambiente ideologicamente nulo, um realismo mecânico, manipulado e alheio à realidade. Além de certa ignorância da profundidade, em que dramas deixam de ser dramas, são apenas cool.
Resta uma geração do modernismo ardente, que vive em lençóis neutros. Arrepios de frustração e nostalgia onde o objetivo é apenas entreter.
(Há também diversas novidades, principalmente tecnológicas, repletas de novos formatos e possibilidades).
“Lençóis não amarrotados pela paixão, amarrotados apenas para marcar presença” Anésia Pacheco, exibição “Entre Lençóis” MAM 2002.
Há, ainda, a dispersão de variações que podem proporcionar valor estético e prazer. Mas não o original ou a essência. Desse modo, sente-se a necessidade de encontrar soluções que evoquem surpresa ou novidade num consumo esteticamente neutro, que pode produzir excelência ou banalidade.
Esse simulacro de experiência proporciona instantâneas consolações, projeções, identificações, sem a pretensão de oferecer um novo modelo que discuta qualquer coisa. Assim, vê-se um formato sedutor, mas de sedução dispersa – nem se percebe que está sendo seduzida. A produção de conteúdos e objetos é labiríntica, dispersa em diferentes formatos, indiferentes a critérios de valor.
O indispensável torna-se impossível.
Nenhum comentário:
Postar um comentário